quarta-feira, 23 de maio de 2012

Avanço da aids preocupa


Camisinhas femininas ainda não chegaram ao Pará. Contaminação de mulheres aumentou 90%, diz ministério.

O Ministério da Saúde ainda não revelou quantos preservativos femininos vai enviar ao Pará, na remessa que será feita até o final deste mês. O produto importado, que custa entre R$ 6 e 8 a unidade, ainda é pouco acessível para a maioria das mulheres, público entre qual os casos de Aids vêm expandido de forma preocupante em todo o Brasil, inclusive no Estado. O número de casos da doença entre o sexo feminino cresceu cerca de 90% entre o total de pacientes registrados entre os anos de 2005 e 2010, conforme o ministério.
Segundo a coordenadora estadual de DST/Aids da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa), Débora Crespo, a camisinha feminina protege mais a mulher, inclusive a vulva, que fica preservada do contágio da Herpes Papilomavírus (HPV). Mas o alto custo, a pouca disponibilidade e, principalmente, o tabu, distanciam as mulheres desse produto.


"Em nível de Brasil, vem havendo a chamada feminização do HIV e da Aids, atingindo mulheres maduras e até idosas, especialmente entre as classes mais pobres", detalha a coordenadora. Hoje, a Sespa adquire o preservativo feminino com recursos estaduais e distribui gratuitamente apenas entre movimentos civis organizados que efetivamente fazem uso do produto, como profissionais do sexo e pessoas que já convivem com a Aids. Segundo ela, a aceitação da camisinha feminina é bem menor entre as mulheres, comparada ao preservativo masculino. "Apesar de a mulher ter mais escolha, muitas ainda tem o preconceito de introduzir algo no próprio corpo", afirma Débora. A camisinha feminina traz mais poder de decisão à mulher para se proteger das DSTs e da Aids, já que, com esse produto, ela não depende mais da aceitação do parceiro.

O carro-chefe das campanhas de prevenção às Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) e à Aids ainda é a camisinha masculina. Esse produto custa poucos centavos para o poder público, especialmente após a instalação de uma fábrica no Brasil, no município de Xapuri, no Acre, há dois anos. Durante as campanhas de Carnaval e Verão, por exemplo, chegam a ser distribuídas 1,5 milhão de camisinhas desse tipo em todo o Pará. Além disso, a cada dois meses 58 municípios paraenses com mais de 30 mil habitantes recebem 100 mil preservativos masculinos.

Débora disse que a remessa das camisinhas femininas vai ajudar a popularizar ainda mais o uso desse produto entre as mulheres. O ministério gastou R$ 27,3 milhões na compra de 20 milhões de unidades, que serão distribuídas a todos os estados. O produto é feito de borracha nitrílica - material antialérgico, macio e mais fino do que o látex usado na versão masculina. A camisinha feminina é uma espécie de bolsa com dois anéis flexíveis. Em uma ponta, fica o anel móvel que deve ser apertado e introduzido pelo canal vaginal até chegar ao colo do útero. O segundo anel, na extremidade oposta, é aberto e cobre a parte externa da vagina. O preservativo pode ser colocado até oito horas antes da relação sexual e não pode ser usado ao mesmo tempo que o masculino.

Casos de Aids no estado, de 1988 a 2010:

Período Mulheres Homens

De 1988 a 2005 1.908 3.795

2006 341 538

2007 409 656

2008 509 754

2009 231 401

2010 215 383

Total 3.613 6.527

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